O Grupo Folclórico de Vila Verde foi fundado em 1958 com o intuito de preservar e divulgar as tradições etno-folclóricas do concelho de Vila Verde, representando a região do Baixo Minho – Cávado onde se encontra inserido.

Os Cantares

Como da mesma forma se diz nas danças, o Malhão é indiscutivelmente o cantar mais popular
de Vila Verde.

Como da mesma forma se diz nas danças, o Malhão é indiscutivelmente o cantar mais popular de Vila Verde.

Toda a sua potencialidade surge quando cantado ao desafio, o mais habitual, embora se veja por vezes um só interveniente a interpretá-lo.

É, no entanto, ao desafio, em profano ou em fundamento, que o malhão conhece toda a sua popularidade. É, desta forma, que os cantadores põem à prova todo o seu poder de improvisação e encaixe, além do timbre das suas vozes. O Malhão cantado ao desafio por intervenientes de qualidade, poderá durar horas, arrebatando os seus intérpretes e com eles os ouvintes. Ainda hoje este género de canto é muito apreciado e ouvido em Vila Verde, como aliás o é em todo o norte do país, embora a característica que sempre o popularizou e consagrou, a espontaneidade, rareie cada vez mais nos poucos cantadores existentes.

O Vira, em Vila Verde, é normalmente cantado a solo por uma mulher dotada de boa voz, acompanhada por coro, em uma ou duas vozes.

Aliás, os viras e as chulas, nunca foram muito usados pelos cantadores de Vila Verde nos desafios. É que eles sempre preferiram o malhão, por lhes estar na alma e a quem os liga laços tradicionais vindos dos seus antepassados.

Cantava-se à capela, em uma ou duas vozes, mas era em coro ou em grupo que mais se ouvia.

CANTARES DE TRABALHO

como por exemplo as que são cantadas nas vessadas ou lavradas, com especial destaque para a “Toadilha de Aboiar ou Aboiada de Vila Verde”; nas vindimas; nas desfolhadas; nas pisadas e outros trabalhos agrícolas e ainda no caminho para estes, umas generalizadas e outras que se firmaram em Vila Verde, como por exemplo “Fora da bouça”, “Ó ribeira que és tamanha”, e a bela melodia “Se fores há erva vai ao valadinho”, uma das mais originais, e outras, tais como as cantadas nos trabalhos do linho e ainda aquelas sem terem nome que as identifique, algumas recolhidas e outras a merecerem a continuação dessa recolha para não se perderem no tempo.

CANTARES DE ROMARIA

como por exemplo as usadas no caminho percorrido a pé para o S. Bento da Porta Aberta (ex. “Na ida p´ró São Bentinho”), ali nas proximidades da serra do Gerês, ainda agora das mais importantes romarias do norte do país, e outrora para a romaria da Senhora do Alívio, que tem fortes ligações com o folclore de Vila Verde. Nestas, os grupos, transportando farnéis nas condessas, nos balaios ou nas cestas, com alguns homens munidos de lodo, junco ou marmeleiro, o que faziam por uma questão de ajuda e de segurança, não fossem elas tecê-las, enquanto outros se faziam acompanhar por instrumentos tradicionais da sua tocata, lá iam caminho fora ou serra acima aliando o entusiasmo ao fervor da fé que os levavam ao cumprimento das promessas feitas ao Santo ou à Senhora.

CANTARES DE CARÁTER PROFANO – RELIGIOSO

como por exemplo os cânticos de Reis, ainda muito tradicionais nos tempos de hoje, cantados por grupos normalmente constituídos por solista e por coro, a uma ou a duas vozes, uns fazendo-o com quadras alusivas para receberem importâncias em dinheiro e outros que os cantam sem essa intenção esperando em troca a porta aberta de par em par. Nos tempos de agora, todavia, é frequente ver-se vários grupos de natureza cultural, os quais mantendo a tradição e preservando o cantar de Reis o fazem também para angariar fundos para as suas coletividades.

O Grupo Folclórico de Vila Verde tem mantido esta tradição ao longo dos tempos, tendo registado em CD, em duas edições, 2001 e 2018, os seus cantares profano-religiosos, perpetuando este reviver do ciclo natalício.

CANTARES DE CARÁTER RELIGIOSO – POPULAR

como por exemplo o cantar às almas, que era normalmente cantado a uma voz e que está em desuso; o clamor – cantar de Aleluia, oriundo de Vila Verde e de grandes tradições, ainda agora entoado no período da Páscoa; mormente no recolher da Cruz, depois da visita Pascal, também a uma voz; e o cantar usado pelos Romeirinhos à Senhora do Alívio ou à Santa Luzia, ainda em uso mas a pender para o desuso.