O Grupo Folclórico de Vila Verde foi fundado em 1958 com o intuito de preservar e divulgar as tradições etno-folclóricas do concelho de Vila Verde, representando a região do Baixo Minho – Cávado onde se encontra inserido.

Os Trajes

“HOJE, UM PARA CADA ATO, UM PARA CADA ESTAÇÃO. ONTEM A MOÇA FAZIA-O PACIENTEMENTE, PARA TODA A VIDA, PARA A BODA, PARA A ROMARIA E PARA A MORTALHA. ERA UM SÓ E, CONSEQUENTEMENTE, FAZIA-O MELHOR E MAIS ALINDADO QUE PODIA. NÃO HAVIA ENTÃO A NOÇÃO E O VALOR DO TEMPO, NÃO HAVIA A VAIDADE DAS MODAS.”

Da citação acima se depreende que cada região ou zona dava feição própria ao seu traje; que não podia haver grandes variedades; que o traje era limitativo a essas mesmas zonas ou regiões, sem se evitar, todavia, uma espécie de permuta de peças de indumentária entre elas.

Naturalmente que as costureiras, as bordadeiras e até as tecedeiras ao confecionarem essas peças poderiam dar-lhes um gosto próprio, muitas vezes sofrendo influências, em pormenores, de outras zonas que não as suas, criando-se, assim, variantes dum mesmo traje sem, no entanto, ser alterada a sua feição característica.

É o que se observa, por exemplo, no TRAJE DE ENCOSTA, vulgarmente designado por Traje de Festa ou Domingueiro, que se expandiu em todo o concelho de Vila Verde e que servia de Traje de Noiva, substituindo-se, entre outros pormenores, o lenço de tapete colocado nos ombros, por um véu de tule de algodão na cabeça, mais ramo de flores de laranjeira com grandes fitas de seda pendentes sobre o lado esquerdo e xaile de seda no braço, levando também, em alguns casos, guarda-chuva (sombrinha); ou ainda no da RIBEIRA, designado do mesmo modo por Lavradeira ou Feira, usado igualmente em Vila verde, mas que surge com e sem rabos no colete ou corpetes ou também com esses coletes ou corpetes feitos de linho.

Apresentação de Trajes por Júlio Isidro:

Que roupas usavam os camponeses no trabalho agrícola diário?

Respondendo à pergunta formulada, diziam as variadíssimas pessoas contactadas para o efeito, todas elas com experiência agrícola e com idade suficiente para se obter uma resposta verídica: “- As mais usadas, as mais velhas, as mais resistentes, embora em certos trabalhos, como por exemplo nas vessadas e sachadas, as raparigas vestissem roupas frescas”.

Dentro desta perspetiva, não tenhamos dúvidas que o fato de trabalho era proveniente do da ribeira ou Lavradeira, talvez até uma sua variante, através do uso de peças usadas e velhas em conjunto com outras mais resistentes.

Assim, em vez de avental preto de veludo ou de cetim, um avental mais grosseiro, mais resistente, tecido em teares manuais; substituindo os chinelos por socos ou mesmo sem usar qualquer espécie de calçado; em vez de blusa bordada e/ou rendada de linho fino, uma blusa mais grosseira sem qualquer espécie de bordado e/ou renda.

As particularidades apontadas no traje feminino (um só para a boda, para a festa, para a mortalha) poderão ser de igual modo apontadas no traje masculino? Efetivamente não é o caso, já que enquanto o traje feminino se guardava religiosamente, alguns completos, outros nem tanto, o masculino na mesma casa, quase sempre desaparecia ou era apenas conservado restos dele.

A dificuldade tida na recolha, pelas razões apontadas, teve a ajuda preciosa na sua reposição do Prof. Mota Leite, uma vida consagrada aos usos e costumes da região, por sinal Vilaverdense de nascimento.

O homem de ontem, que é parecido, em certa medida, no modo de trajar com o de hoje, não possuía o mesmo gosto próprio, a mesma criatividade da mulher. É por isso, que o traje masculino pouco varia de região para região. Em Vila Verde esse facto verifica-se, apresentando-se praticamente igual em todo o concelho. O preto, que predominava, combinava com o branco da camisa de linho bordada no peito, na gola, nos punhos e nos ombros, onde a cor maioritária assentava no branco e no vermelho; com faixa vermelha ou preta; coletes de pelúcia, alguns com costas de cor encarnadas com desenhos bordados a lã; com os sapatos ou botas de pele atanada, cardadas ou não; com os lindos alamares de ferro ou metal ou de retrós e serigaria, que são minoritários; com o colorido da pena de pavão no chapéu preto às três pancadas.

Quanto ao traje de Trabalho utilizado pelo homem, voltamos à mesma questão já referida nos usados pela mulher, isto é, a utilização de roupas para o trabalho não estava condicionada a este ou àquele serviço. A indumentária usada, mais peça menos peça, servia para todos, era a mais velha, a mais resistente.

O traje de trabalho do homem é, tal e qual como o da mulher, de uso geral ou comum, embora a croça seja mais usada por guardadores ou chamadores de gado. É composto por linho grosseiro, estopa, tomentos, riscado, cotim, chapéu de palha, socos ou chancas, e croça ou “pruxo” de palha ou colmo, quando usado em dias de chuva.

descrição de trajes