O Grupo Folclórico de Vila Verde foi fundado em 1958 com o intuito de preservar e divulgar as tradições etno-folclóricas do concelho de Vila Verde, representando a região do Baixo Minho – Cávado onde se encontra inserido.

Vila Verde

Um Povo, a História, a Geografia e a Etnografia

VVantiga_ escola_conde_ ferreia

O concelho de Vila Verde foi constituído em 24 de Outubro de 1855, no Reinado de D. Pedro V, a partir da extinção de antigos e importantes coutos e concelhos medievais: Aboim da Nóbrega, Cervães, Larim, Penela, Pico de Regalados, Prado, Valdreu e Vila Chã. 

Devido à sua localização territorial e pelo facto de se ter tornado numa espécie de charneira geográfica ao longo dos tempos, constituindo um prolongamento natural com os municípios de Ponte da Barca, Ponte de Lima, Barcelos, Braga, Amares e Terras de Bouro, reforçada com a notoriedade que adquiriu pelo impacto cultural e projecção do ícone “lenço dos namorados”, Vila Verde é considerado por muitos como o “Coração do Minho”.

Pelas suas características geomorfológicas, pelo seu clima, pela abundância de cursos de água e pela fertilidade dos seus solos, a região de Vila Verde forneceu ao Homem, desde cedo, as condições necessárias à sua instalação. O seu território é dominado pelos vales dos seus três rios principais: o Cávado, o Homem e o Neiva. Integrado na zona agrícola do Vale do Cávado, tendo na agricultura a sua atividade predominante, a fixação humana desenvolveu-se nesta região, alicerçada em sólidas estruturas de uma economia agro-pastoril, base da prosperidade deste Concelho.

O território de Vila Verde é ocupado pelo homem desde os tempos pré-históricos. Nas plataformas montanhosas centrais foram encontrados vestígios da época megalítica, como mamoas e antas. Da Idade do Ferro ficaram povoados fortificados, como o castro de Barbudo, cuja edificação remonta ao século IX a.C. e a citânia de S. Julião.

Mercê destas características, fez-se sentir o apogeu e a decadência do poderio celta, a influência micénica na estrutura castrense, o impacto da civilização romana, as invasões bárbaras, o despovoamento das incursões árabes no início do século VIII e o intenso repovoamento e intensificação agrária dos séculos X e XI, com o movimento da reconquista cristã, sendo as terras reconquistadas oferecidas, posteriormente, à igreja e aos fidalgos que colaboraram na cruzada peninsular.

Durante os séculos XI a XIV, grande parte do território actual do Concelho de Vila Verde aparece na posse da poderosa e ilustre família da Condessa Mumadona Dias (Fundadora da cidade de Guimarães), constituindo, em parte, uma espécie de logradouro da alta nobreza portucalense. 

A ascendência aristocrata do actual concelho, aliado ao interesse renovado da nobreza pela província no século XVIII, vai legar, no aspecto arquitetónico, uma herança digna de registo, onde se traduz a ostentação e a necessidade de ascensão social característica da época.

A partir da segunda metade do século XIX, a irresistível atração que o comércio, a indústria, os serviços e as distrações das cidades vão passar a exercer sobre os meios rurais, origina a inevitável procura de melhores condições de vida e o deslocar para os centros urbanos de população campesina e das famílias mais poderosas, criando condições para o estilhaçar da propriedade. O empobrecimento do meio rural assumirá um papel importante para o aparecimento do fenómeno emigração que, principalmente na zona alta do Concelho, vai seduzir um grande contingente de população ativa, traduzindo-se no quase abandono das aldeias rurais e na rejeição de modelos tradicionais de ocupação de território. Em síntese, a par da introdução de fatores de aculturação, a emigração terá sido o fenómeno mais relevante da história recente, e que marcou o processo cultural de Vila Verde.

Esta diversidade populacional vai ditar um universo cultural bem peculiar, profusamente ilustrado nos usos e costumes, nas artes e tradições, na simbiose do religioso com o profano, nas feiras, nas festas e romarias, nas alminhas e altares das almas, na arquitetura rural, nas casas de lavoura e nos espigueiros, nos solares, nos lenços senhoris que deram origem aos lenços de pedido adaptados pelas mulheres do povo e integrados no traje de encosta, no culto do ouro, em suma, na Etnografia e no Folclore, fazendo de Vila Verde um autêntico repositório da região minhota.