O Grupo Folclórico de Vila Verde foi fundado em 1958 com o intuito de preservar e divulgar as tradições etno-folclóricas do concelho de Vila Verde, representando a região do Baixo Minho – Cávado onde se encontra inserido.

Instrumentos de Tradição Popular

Os instrumentos musicais mais populares de Vila Verde são aqueles que constituem a sua tocata tradicional: a concertina, o cavaquinho, a viola braguesa também conhecida por ramaldeira, o violão, a flauta de cana, o reque-reque, o bombo e os ferrinhos.

CAVAQUINHO

O CAVAQUINHO, de timbre e ritmo harmonioso, e a viola braguesa ou ramaldeira, de timbre mais cheio, de encher, são indiscutivelmente os mais populares. Todas as suas potencialidades aparecem quando tocados na forma de rasgado (em Vila Verde diz-se também varejado), que é a tradicional.

Jorge Dias diz: “…o cavaquinho encontrou no Minho um acolhimento invulgar, como consequência da predisposição do temperamento musical do povo pelas canções vivas e alegres, e pelas danças movimentadas…”

A origem do cavaquinho é duvidosa. Gonçalo Sampaio é de opinião, que ele, com a viola, veio para Braga por intermédio dos biscainhos e, de facto há em Espanha um instrumento semelhante designado de “requinto”.

VIOLA BRAGUESA OU RAMALDEIRA

A VIOLA BRAGUESA ou RAMALDEIRA, outro cordofone, que Gonçalo Sampaio diz, como referimos, ter vindo para a nossa região juntamente com o cavaquinho através dos biscainhos, é muito popular em Vila Verde.

É mais frequente ver-se agora a viola braguesa a acompanhar o canto ou a dança ao lado do cavaquinho e de outros instrumentos que constituem a tocata tradicional de Vila Verde do que tocada a solo. Todavia, noutros tempos, a viola braguesa tinha essa dupla função, o que é raro ver-se nos tempos actuais por rarearem executantes deste género, embora ainda os haja.

O nome de ramaldeira surge em Vila Verde, segundo nos parece, via trabalhadores rurais que daqui migraram em grande número para as terras da Maia, terras da Feira e V.N. Gaia. É que a viola braguesa, que para ali levaram, substituía por vezes no acompanhamento da chula a rabeca popular, que também era conhecida por ramaldeira, ou juntava-se a esta nesse acompanhamento. Daí a viola ser conhecida e tratada por estes dois nomes.

VIOLÃO

O nome de Violão continua a ser usado em Vila Verde, o que já não acontece noutras regiões onde teria sido esquecido para dar lugar apenas à designação de viola, o que não é correto.

O violão aparece na tocata tradicional de Vila Verde como instrumento de acompanhamento na forma de ponteado, que é a tradicional.

Segundo Mário Sampaio Ribeiro, este cordofone teria sido introduzido em Portugal durante os primeiros decénios do século XIX, sendo 1839, ano em que aparece em Braga a ARTE DA MÚSICA PARA A VIOLA FRANCESA (nome pelo qual era conhecido o violão), aquela que marca uma data mostrando o instrumento tal como ainda hoje se apresenta fundamentalmente.

CONCERTINA

A Concertina, que veio substituir a tradicional e popular harmónica, não pode ser considerada, como alguns o pretendem fazer, como pertencendo ao grupo dos acordeões. Os seus tocadores conhecem bem a diferença existente entre um e outro instrumento (a tonalidade musical da concertina, por exemplo, não é da mesma forma igual quando se abre ou quando se fecha os foles, enquanto que o acordeão tem sempre a mesma tonalidade).

Além disso, a concertina é um instrumento popular, o que não acontece, pelo menos na região minhota, com o acordeão que não chegou a tempo de se integrar na tocata tradicional.

FLAUTA DE CANA

A Flauta de Cana, do grupo dos aerofones, começando por ser um instrumento individual, rural, campesino, companheiro dos guardadores de gado, foi-se introduzindo, pouco a pouco, na tocata tradicional como instrumento de acompanhamento e também de solo.

Feitas pelos próprios tocadores, a flauta deve ser cortada da cana em verde, antes do cio, para não enrugar por dentro, ao secar. Se deixarmos secar na cepa, ela fica quebradiça e não soa. Depois tem de secar bem à sombra para não rachar.

Segundo averiguamos, para se obter uma flauta na tonalidade de dó, que é a usada em Vila Verde, é necessário fazerem-se cem. Este pormenor, talvez exagerado, mas possível, qualifica de qualquer forma este instrumento, muito popular entre nós, mas infelizmente não muito usado nas tocatas tradicionais, apenas por falta de tocadores, só por isso.

BOMBO

O Bombo, do grupo dos membrafones, que se caracteriza pela ausência de bordões sobre qualquer das peles, tem na tocata a função de marcar o ritmo e também, o compasso. A sua execução, aparentemente fácil, é muito importante, bastando uma pancada mal batida para se prejudicar toda a coesão do conjunto da tocata e até da própria dança.

Este instrumento de percussão, que sob várias formas é universal, sempre se tornou imprescindível na tocata baixo minhota, quer pelas funções qualificativas que possui, já apontadas, quer pelo seu dom cerimonial.

REQUE-REQUE

O Reque-Reque, do grupo dos idiofones fricativos, que Gonçalo Sampaio considera de origem africana, via Brasil, tem neste concelho duas variedades: os que são recortados em tábuas e os que são aproveitados de formas naturais da madeira, incluindo raízes.

Ambos representam figuras humanas, verificando-se por vezes, nos segundos, a aplicação de cabeças, também em madeira, com cabelo, normalmente feito de estopa. A sua função na tocata é de marcar o ritmo, sendo este efectuado pela fricção de uma cana rachada.

FERRINHOS

Os Ferrinhos, que segundo Rebelo Bonito, teriam surgido no século XV, é outro dos instrumentos que marcam o ritmo e acompanham a dança. Este idiofone, de uso geral europeu, se bem que muito popular e enraizado na nossa tocata tradicional, merece por parte de certas regiões do sul (Ribatejo, Alto Alentejo e Algarve) uma maior importância.

É que lá, ao contrário do que se verifica por cá, pelo menos nos tempos atuais, a sua execução tem mais vida, tem outra arte.

Não queremos, por fim, deixar de mencionar o Funil ou Embudo, utilizado nas rusgas organizadas pelos rapazes no “dia das sortes” (Inspecção Militar). Com ele substituía-se o bombo através da imitação do seu som por via bocal.